Eduardo Leite (PSDB) vence o segundo turno das eleições e, pela segunda vez, entra para a história ao contabilizar 57,12% dos votos. E não faz história somente por se consagrar o primeiro governador do Rio Grande do Sul a ser reeleito. Ele é o primeiro governador gaúcho assumidamente homossexual e segue sendo o mais jovem a ocupar a principal cadeira do Palácio Piratini desde a redemocratização. Em 2018, tornou-se governador aos 33 anos. Antes dele, o mais novo foi Júlio de Castilhos, que assumiu o poder aos 31 anos, em 1891.
Nascido em Pelotas, no sul do Estado, é o filho mais novo da professora de Ciências Políticas Eliane e do advogado José Luiz. É formado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), fez mestrado em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesmo tema que cursou na Columbia University, nos Estados Unidos. Filho de uma cientista política e com o pai tendo concorrido à prefeitura de Pelotas em 1988, o caminho de Leite na vida pública foi natural. Começou a militância ainda na escola, quando foi presidente do Grêmio Estudantil do Colégio São José.
Concorreu pela primeira vez quando tinha apenas 19 anos, em 2004, para o cargo de vereador da cidade natal. Ficou como primeiro suplente. No ano seguinte, veio o primeiro cargo público. Foi secretário de Cidadania no mandato de Bernardo Souza (PPS), e, depois, chefe de gabinete do prefeito Fetter Júnior (PP), que era vice de Souza e assumiu após renúncia do titular por motivos de saúde. A primeira vitória política ocorreu no pleito seguinte, em 2008. Ao concorrer para a Câmara Municipal, foi eleito com pouco mais de 4 mil votos. Durante seu mandato, foi presidente da casa por dois anos, além de ter sido líder do PSDB no Legislativo. No meio disso, em 2010, concorreu à Assembleia Legislativa. Conquistou mais de 21 mil votos, mas não conseguiu se eleger. Ao final do mandato como vereador, em 2012, concorreu à prefeitura de Pelotas e foi eleito.
A gestão à frente do Executivo pelotense foi seu grande feito. Alcançou 87% de aprovação ao fim dos seus quatro anos. Não concorreu à reeleição, mas lançou a sua vice, Paula Mascarenhas (PSDB), que foi eleita ainda no primeiro turno, em 2016. Em 2017, Leite se encontrou com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama após ter sido um dos 11 escolhidos pela Fundação Obama como jovens líderes do país em suas comunidades. Também foi eleito um dos cinco políticos mais promissores da América Latina com menos de 44 anos. Em novembro de 2017, assumiu a presidência estadual do PSDB. Um mês depois, após assembleia dentro do partido, foi decidido que a sigla sairia do governo de José Ivo Sartori (PMDB) para lançar a candidatura de Leite ao Piratini.
Gestão e postura
Em uma gestão que teve de lidar com a pandemia da Covid-19, o governo gaúcho sofreu duras críticas e, ao mesmo tempo, serviu de exemplo para outros Estados a partir do modelo de distanciamento controlado.
Ao longo dos últimos quatro anos, posturas agressivas ou desrespeitosas não foram atribuídas à figura de Leite, seja no cotidiano da política, nas redes sociais ou em declarações à imprensa. Ao contrário, ele foi alvo de preconceito e taxado como oportunista ao manifestar publicamente a sexualidade em repetidas entrevistas em julho de 2021. Não atacar as pessoas, mas, sim, os problemas foi, inclusive, uma das principais bandeiras da última campanha. Antes disso, as polêmicas que cercaram o então governador, deram-se ao fato dele requerer a pensão proporcional ao tempo em que governou e cujo benefício valeria por quatro anos. Embora legal, diante dos ataques, principalmente dos adversários, Leite abriu mão dos R$ 19 mil (brutos), que chegou a receber por dois meses, logo após sua renúncia de mandato, neste ano.
Outras iniciativas de repercussão negativa estão vinculadas à proposta de privatização da Corsan e no Regime de Recuperação Fiscal do Estado
Desgaste
Em novembro de 2021, as prévias do PSDB para definir um nome ao Planalto foram vencidas pelo então governador de São Paulo, João Doria. A disputa envolveu acalorados embates internos do partido e acabaram por desgastar a sigla, que não lançou candidato à presidência em 2022. Embora rumores do desembarque de Leite do PSDB e a possível mudança para o PSD fosse cogitada, as tratativas não avançaram. Cinco meses depois, em 28 de março, Leite anunciou que renunciaria ao cargo de governador, que permaneceria no partido e colocaria o nome à disposição, mas, até então, sem afirmar para qual candidatura.
Em 2 de outubro passou para segundo turno em disputa com Onyx Lorenzoni (PL) e com apenas 2.441 votos à frente do terceiro colocado, Edegar Pretto (PT). As críticas recaíram sobre o tucano, que declarou neutralidade por não sinalizar apoio a Lula nem a Bolsonaro.
Redenção
Neste 30 de outubro de 2022, Eduardo Leite se materializa como força motriz de um partido até então esfacelado e repleto de dissidências após as Eleições 2022. Após passar o primeiro turno sem eleger nenhum governador de Estado, os tucanos conseguiram, além de Leite, eleger Raquel Lyra em Pernambuco, que disputou contra Marília Arraes (Solidariedade).
Trajetória
Natural de Pelotas, Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite tem 37 anos. Bacharel em Direito, foi vereador e, após, prefeito de Pelotas, de 2013 a 2016. Em 2018, elegeu-se governador e renunciou ao cargo em março de 2022 para concorrer à presidência. Após perder a convenção interna para João Doria, lançou nome como candidato ao Piratini. Seu programa de governo é estruturado em cinco eixos: Social e da Qualidade de Vida, Ambiental e de Infraestrutura, de Gestão, Econômico e Fiscal. É de centroColigação – Um Só Rio Grande. Federação PSDB Cidadania (PSDB/Cidadania) / MDB / PSD / Pode / UniãoVice – É o deputado Gabriel Souza, 38 anos, natural de Porto Alegre e com residência em Tramandaí. Formado em Medicina Veterinária, mestre em Direito, pós-graduado em Gestão Pública. Nas eleições de 2018, recebeu 52.953 votos para o seu segundo mandato como deputado estadual, sendo o mais votado do MDB. Foi presidente da juventude do MDB/RS e secretário de Planejamento de Tramandaí. Em 2021, ocupou a presidência da Assembleia gaúcha